Dirigido por Adam Shankman, com Julianne Hough, Diego Boneta, Tom Cruise, Alec Baldwin, Russell Brand e Catherine Zeta-Jones no elenco. O filme é inspirado no musical da broadway homônimo que possui músicas de Def Leppard, Foreigner, Jorney, Poison, Reo Speedwagon e Twisted Sister.
Rock of Ages: O Filme é mais um daqueles tipicos filmes que tinha de tudo para dar certo. Um diretor que se mostrou competente em sua adaptação de Hairspray para o cinema, um elenco notável e músicas que marcaram gerações, mas infelizmente é um filme perdido que não sabe que história contar para seu público. Um roteiro inconsistente e extremamente superficial. O filme é um video-clip de 2 horas de duração. E só.
Sempre gostei de musicais. Música e cinema é um casamento perfeito pois agrega positivamente a dosagem de emoção que o diretor quer passar. Bons exemplos de musicais são encontrados em Moulin Rouge, Chicago, Mama Mia e Across the Universe. Esses filmes conseguem de forma fluida dosar música e história. Um musical não se sustenta sem um arco dramatico para se apoiar e nem músicas que façam sentido estarem presentes no contexto. Brincar com musicais é um terreno perigoso: um passo em falso você pode afundar todo o seu filme. É um trabalho para “gente grande” que tem firmesa nas mãos e não erra o ponto.
O ano é 1987, e a atmosfera oitententista domina com seus penteados, cores, moda e extravagancia. Nisso conhecemos a protagonista do filme (ou a que era para ser) uma menina inocente do interior Sherrie (Julianne Hough) que ao chegar na cidade grande, lugar para onde partiu em busca de seu sonho, conhece Drew (Diego Boneta). Os dois são de cara unidos pela paixão que tem pelo rock´n roll e ele a ajuda conseguir um trabalho de garçonete no conhecido e badalado The Bourbon Room, no qual ele também é funcionário. Os ânimos estão altos pois a famosa banda Arsenal irá se apresentar no local, e seu excentrico vocalista Stacee Jaxx (Tom Cruise) irá atrair diversos fãs. Em contra-partida o filme nos mostra uma legião de religiosos liderados por Patricia Whitmore (Catherine Zeta-Jones), que também é a esposa do prefeito, que protestam contra a filosofia empregada nas músicas: “Sexo, Droga e Rock´n Roll”.
Durante a primeira hora de filme não dá para entender onde o diretor quer focar a história, se é no casal, se é nas loucuras do vocalista do Arsenal ou se é na subtrama que envolve Zeta-Jones, as beatas e traição do prefeito. Isso sem sitar a forma aleatória que dois personagens homosexuais se assumem no meio do filme, sem ligação alguma com a história, completamente desnecessário para o arco dramático exposto até aquele ponto.
São muitas histórias para serem explodas em um filme que não consegue sustentar dialogos por mais de 5 minutos. Personagens como o do prefeito poderiam ser cortados da história sem perda alguma para o filme. Os personagens são desenvolvidos de forma muito superficial e não conseguimos se envolver com os fatos expostos. Quero acreditar que Adam Shankman deve ter tido alguma pressão por parte dos executivos em utilizar as canções insaciavelmente.
Sempre tive medo das produções que se utilizam de canções já conhecidas, ainda mais quando essas músicas se tornam clássicas de uma geração. Nem sempre a interpretação corresponte a expectativa. Esse não é o caso desse filme. Enquanto o arco dramático deixa, e muito, a desejar, as músicas são extremamente respeitadas, e as versões fazem jus às originais. Até ficamos com um gostinho de quero ouvir mais, princpamente nas que são feitos mashups onde apenas trechos são executados. A trilha sonora de fato deve ser consumida com apresso.
Outro ponto positivo no filme é a ambientação dos anos oitenta. Quem viveu aqueles anos certamente irá ficar saudosista ao ver as lojas de vinil e as capas de raros clássicos do rock. Tal ambientação é responsável por boa parte das piadas utilizadas no filme. Somos capaz de rir de nós mesmos ao ver o avô do telefone celular, que em 1987 era um artigo de luxo que foi um objeto de desejo durante anos e hoje chega ser ridículo. Paul Giamatti, que interpreta um empresario ambicioso, enfatisa muito bem o uso de tal aparelho em suas cenas.
Tom Cruise encarnou seu personagem de forma assustadora. Impossível dizer que aquele rockeiro bebado é o mesmo ator que estava em Missão Impossível IV há pouco tempo. Fora que as canções que ele interpreta merecem um destaque. Além de muito bem cantadas ele conseguiu captar maneirismos de palco de astros do rock.
Quanto a personagem de Catherine Zeta-Jones, infelizmente não podemos dizer o mesmo. Ela entra em cena, vestida de vermelho, mostrando ser uma personagem forte, com personalidade e com aquela atuação na qual somente Zeta-Jones consegue. Pensei que iria ver uma das vilãs de marcar época… infelizmente foi o oposto disso. Um pecado sem tamanho apresentar com um alto potencial e uma excelente atriz, e deixa-la de segundo plano.
O casal principal desse filme está mais para paródias adolescentes do que um filme musical. Fica visivel a inesperiencia dos dois. A falta de química nos diálogos chega incomodar. É até um certo alívio quando começam as músicas pois não teve momento onde ouvesse simpatia, uma ligação, um sorriso que convencesse…
Rock of Ages: O Filme era pra ser uma grande homenagem a uma década peculiar que move pessoas até os dias de hoje. Pelo que representa, tinha a obrigação de ser épico.Tanta música grandiosa em seu repertório, tantos atores bons que mostraram estar à altura de interpretar e atuar clássicos do rock… Infelizmente vai ser mais um dos filmes que são esquecidos e largados nas sessões de tarde, com direito a narrador resumindo a trama inteira a uma “altas confusões”, mesmo porque é isso mesmo que resume as 2 horas de prejessão: uma confusão sem igual do diretor.