Procura-se um Amigo para o Fim do Mundo (Seeking a Friend for the End of the World, 2012), filme que estéia na direção Lorene Scafaria, que já assinou o roteiro do filme “Uma Noite de Amor e Música”. Steve Carell e Keira Knightley dividem a protagonização da história.
O filme antes de mais nada é uma grata surpresa comparado com os inúmeráveis filmes de apocalipce estreados nos últimos anos. É um tema que ficou bem popular no cinema após as teorias baseadas no calendário Maia em que teriamos o fim do mundo em dezembro próximo. Fugindo do habitual modelo onde catástrofes feitas por computador e heróis que salvam suas peles em meio ao caos, “Procura-se um Amigo para o Fim do Mundo” é um filme mais sensível que divide de forma balanceada a comédia, drama e melancolia nos personagens ali presentes.
Dodge (Steve Carell) é um homem de meia idade que no momento que descobre sobre um meteóro que está em rota de colisão com a Terra e irá fazer a vida ser extinta em exatas 3 semanas, é abandonado por sua esposa, que instantaneamente foge ao receber a notícia. Sozinho e sem família ele divide a melancolia do abandono da mulher com o fato de estar sozinho no fim do mundo. Nisso ele acaba conhecendo sua visinha Penny (Keira Knightley), uma imigrante inglesa que saiu da casa dos pais para morar com o namorado. No meio da briga entre Penny e o namorado, Dodge vai consolá-la e acaba fazendo amizade com a moça. De um lado temos ele aborrecido com o divórcio e por outro ela entristecida com a briga com o namorado e se lamentando ter abandonado a família e viver longe deles. Com os vôos cancelados, devido ao fim do mundo, ela vai ter que conviver as últimas 3 semanas de vida com a culpa de nunca mais poder estar com os pais. No meio da conversa, Dodge acaba descobrindo que algumas correspondências suas eram enviadas por engano para a casa de Penny, e que semanas antes seu grande amor da escola havia lhe enviado uma carta confessando que ele foi o grande amor da vida dela. Sentindo-se culpada por não ter entregue a carta para Dodge anteriormente, Penny o ajuda partindo para uma viagem em buscar do amor perdido antes que o mundo acabe.
A grande discussão dentro de todo quadro dramático na história desse filme é o afastamento que as pessoas tem apesar de um mundo repleto de tecnologias e comunicação. A diretora passa isso abolindo dentro do contexto do filme a existencia de internet e celulares, dando lugar a cartas, onde o contato físico com a mensagem se torna bem maior que um simples SMS ou e-mail. O uso de envolopes vermelhos pode ser interpretada de duas formas distintas dentro do contexto. Aquilo que os personagens carregam já não está vivo, é algo que já se foi (tanto a forma de carta quanto a relação dos personagens que a mensagem da carta reproduzia) a idéia do “vermelho fatal”; ou então, em uma interpretação mais simplória, a simbologia envolvida da cor representando o amor. Outro afastamento está presente nos personagens de Carell e Penny que durante os últimos dias de suas vidas acabam se descobrindo em uma relação de grande amizade, mas foi preciso o mundo acabar para que os dois pudessem se encontrar, apesar de sempre estarem muito próximos.
Outro fato que faz esse filme ser genial são os acontecimentos serem extremamente reais e plausíveis. As atitudes dos personagens envolvidos é convincente quanto às atitudes do ser humano com apenas três semanas de vida e sabendo que tudo vai acabar. Enquanto uns correm para recuperar o tempo perdido, outros continuam sua vida cotidiana como se nada estivesse para acontecer. Enquanto uns buscam orgias, bebidas e drogas, outros procuram o suicídio e pessoas que estejam dispostas a serem matadores de aluguel.
A trilha sonora do filme possuie um papel bem importante na narrativa. A música está presente desde o início quando é noticiado que o mundo vai acabar e que a emissora de rádio iria fazer uma seleção de músicas para o fim do mundo até quando a personagem de Keira demostra sua paixão pelos vinis. Ela passa grande parte da história carregando seus discos. Mais um desprendimento que a história tem com a modernidade, a personagem prefere a qualidade de um disco a carregar um ipod com todos eles. Dentro da trilha sonora temos clássicos como “Wouldn’t It Be Nice” dos The Beach Boys, “The Sun Ain’t Gonna Shine Anymore” dos Walker Brothers, “In The Time of My Ruin” de Frank Black e “The Air That I Breathe” do The Hollies.
Em um período cheio de catástrofes no cinema (e não digo somente do tema, e sim dos próprios filmes), é sempre um grande presente ser contemplado com uma história inteligente com um roteiro fluido que soube abordar o tema de forma divertida e real. Atuações que dispensam apresentação, principalmente de Keira Knightley que comprova ser uma atriz para todo tipo de papel. Essa é a comédia que fará você sair do cinema contemplado com uma boa história e pensativo quanto os caminhos que você escolhe para a sua vida.