O DIÁRIO DE HIGH SCHOOL MUSICAL: A SELEÇÃO
PARTE 07: O GRANDE SHOW

Relatos de um repórter competindo em Disney High School Musical: A Seleção

Por Diego Bargas, NIP 4670*

Sete episódios e 18 mil pessoas depois, os 18 selecionados pelo Disney High School Musical: A Seleção finalmente se apresentaram (fazendo o que foram escolhidos para fazer) para o público. E já partiram de uma premissa decepcionante quando cada dupla se apresenta por cerca de um minuto, ou seja, efetivamente cada um cantou, dançou e atuou por menos de 30 segundos. Agora fica-se a dúvida de ou o programa tem objetivos ainda obscuros, ou o tiro saiu pela culatra. Se nas audições o exigido era talento e uma boa base técnica, a ser aperfeiçoada na Academia de Artes, o que se viu foi um amadorismo enorme, e não só dos candidatos.

As apresentações aconteceram em uma sala, assistidas apenas pelos participantes do programa e pelo júri, agora integrado também por Alexandre Schiavo, da Sony & BMG que, como jurado, faz a avaliação, digamos, não artística. Os candidatos apresentaram duetos com músicas de nível relativamente baixo de dificuldade, escolhidas pelos jurados e usando base em playback. Mais uma vez o objetivo era cantar, dançar e atuar ao mesmo tempo, tentando agora combinar a técnica adquirida na casa com espontaneidade natural. A exibição propriamente dita foi bastante editada e retocada, mas, de qualquer maneira, foi assim que vimos os participantes pela primeira vez:

As duplas a se apresentar foram:

Karol e Yasmim – Karol, por ser dona de um talento enorme, tem o direito de fazer o que quizer. Yasmim vocalmente deu conta e continua se mostrando uma ótima Gabriella. As duas interpretaram “The Best of Both World, da série Hannah Montana.

Olavo e Carol – interpretaram Você é a Música em Mim, versão da Sharpay. Olavo canta perfeitamente e é muito preparado, apesar de não ter muita ginga. Carol voltou a mostrar presença marcante.

Eduardo e Beatriz – fizeram Não tô pronta para Perdoar, versão de Wanessa Camargo para a música das Dixie Chicks. Bia confirmou ser boa cantora, mas quanto a Eduardo, sua voz muitas vezes não coincidia com os movimentos de seu microfone e as vezes até mesmo com os de sua boca.

Samuel e Renata – Interpretando Boa Sorte, dueto de Vanessa da Mata e Ben Harper, Samuel se emocionou e cantou com a voz embargada o tempo todo. Sua parceira Renata, tida como vencedora em comunidades da internet, não mostrou nada de mais.

Moroni e Fellipe – cantaram Inconsolable e ficaram entre as melhores duplas. Fellipe faz jus a ser um dos 18 melhores da Seleção e é evidente que Moroni sabe exatamente o que está fazendo, e isso vai levá-lo longe na competição.

Lenora e Daniel – Não tem como não dizer que foi bem ruim. Lenora cantou muito bem, em contraponto a Daniel, que cantou muito mal. Os dois extremos, juntos em uma interpretação graciosa, deixou perturbadora a apresentação deles.

Paula e Junior – Paula parece ter uma voz muito boa, mas ela foi ofuscada pela presença de Junior, o único a justificar plausivelmente os critérios inicialmente impostos pelo programa. Os dois cantaram O que eu Procurava, versão do Ludov de What I’ve been looking for

Bernardo e Pamela – Interpretaram a versão em português de All For One“, Vem Dançar. Bernardo fez tudo direitinho, e com o carisma de sempre se mostrou candidato forte a ser o Troy brasileiro. Pamela por sua vez, apesar de ser muito interessante, assustou todo mundo cantando destoada da base e da voz de Bernardo.

Victor e Alessandra – Receberam Coisas que eu sei, da Danni Carlos, disparada a pior música para ser cantada, o que resultou em uma apresentação esquisitíssima dos dois.

No final, Alessandra e Daniel deixaram a Seleção, mas o páreo foi duro. Victor e Carol Calheiros foram escolhidos os piores pelo júri (além dos eliminados, obviamente). Injusto, no caso de Carol. Aos que ficaram e aos que saíram não foi dito nada relevante pelos jurados. A edição tentou suprir suas falhas com uma dose de emoção explorando a despedida do casal eliminado do sonho de ser Troy e Gabriella.

Enquanto na Argentina e no México os competidores se apresentavam em concertos e eram julgados e eliminados pelo público, aqui no Brasil, neste primeiro e esperado show, os vocais não parecia ser ao vivo, provavelmente tamanha pós produção incluída neles, bocas e sons saiam de sincronia, e boa parte das apresentações davam margem às comparações mais maldosas. Mas ainda assim mantemos todos a esperança de que dias melhores virão.

É de responsabilidade de um programa, que tem como finalidade revelar um novo ídolo, mostrar transparência e honestidade ao julgar talentos e possibilidades. A promoção da imagem dos participantes não pode resultar na apatia dos jurados ao decidirem quem sai e quem fica, e supor que ninguém vai notar quando algo está errado é um erro feio. Se o Disney High School Musical: A Seleção optar por mascarar falhas e fingir que está tudo bem, então se corre o sério risco de o resultado do programa ser um fracasso.

Continua na semana que vem…

* NIP é o Número de Identificação do Candidato, que todos ganharam no primeiro dia da seleção, e o mantiveram até o final de sua participação.

Author: Léo Francisco

Você nunca teve um amigo assim! Jornalista cultural, cinéfilo, assessor de imprensa, podcaster e fã de filmes da Disney e desenhos animados. Escrevo sobre cinema e Disney há mais de 18 anos e comecei a trabalhar com assessoria de imprensa em 2010. Além de fundador do Cadê o Léo?!, lançado em 13 de julho de 2002, também tenho um podcast chamado Papo Animado e um canal no YouTube.