A partir desta quinta-feira, dia 26 de março, a Fox-Sony Pictures Home Entertainment lança em locação e venda antecipada a versão digital da épica aventura de Moisés, Êxodo: Deuses e Reis (Exodus: Gods and Kings), que chegará para venda em DVD e BD partir do dia 15 de abril. (Falaremos em breve sobre o lançamento do filme neste formato!)
Estrelado por Christian Bale, Joel Edgerton, Sigourney Weaver, Aaron Paul e Ben Kingsley, o filme conta a aclamada história de coragem e ousadia de um homem a fim de assumir o poder de um império. Com um show de efeitos visuais e da imersão na tecnologia 3D, o filme traz uma nova vida para a história do líder rebelde Moisés e sua luta contra faraó egípcio Ramsés.
Para falar um pouco mais do filme, o Cadê o Léo? traz uma entrevista exclusiva com um dos protagonistas, o ator, produtor e roteirista australiano Joel Edgerton, que no épico bíblico de Ridley Scott vive o jovem rei Ramsés, o antagonista principal. Ele é mais conhecido por seus papéis no cinema em Star Wars Episódio II: Ataque dos Clones (2002), Star Wars Episódio III: A Vingança dos Sith (2005), Fábrica de Sonhos (2005), Reino Animal (2010), A Estranha Vida de Timothy Green (2012), A Hora Mais Escura (2012) e O Grande Gatsby (2013).
Como você descreveria o seu personagem Ramsés no filme?
Ramsés é retratado no topo de uma sociedade muito fascista, e ele é um personagem eticamente deturpado, assim como Hitler. A história começa com esses dois homens como irmãos e colaboradores; eles são de alguma forma cúmplices. De alguma forma, os dois são céticos em relação a qualquer sistema religioso. De uma forma sutil, nós vemos no começo, conforme a sacerdotisa revela a profecia na noite da batalha de Kadesh, que tanto Moisés quanto Ramsés reviram os olhos. Algo ainda mais profundo no filme é a insegurança desse homem que se torna Faraó. Essa insegurança gera o medo e as deficiências que eu acho que se tornam um campo fértil para alguém que gosta de exercer um grande poder. O que é interessante no roteiro é que os personagens são humanizados ao mesmo tempo.
Nesse ponto, o quão importante foi vermos Ramsés como um pai e um marido amoroso? Não queremos ver apenas o seu lado vilão.
Para mim, quando interpreto qualquer tipo de vilão num filme, é muito importante entender o “mecanismo” por trás deles. Sem se esforçar tanto para que o público simpatize com os vilões, as pessoas devem pelo menos entender ou ter empatia em relação ao homem ou seus motivos de se comportar como ele se comporta. É importante e cria uma batalha maior entre o herói e o vilão. E, é claro que, em nossa história, no começo do filme, Ramsés não é bem o vilão ainda. Moisés faz parte do império e quando os dois percebem que são diferentes entre si, e que na verdade Moisés é um hebreu, é aí que a batalha inicia-se e começamos a ver o fascista nele e o contraste com Moisés. É importante ver essa humanidade nele. Temos um vislumbre disso mais tarde no filme quando ele perde o seu filho. Por baixo de todo esse fascismo, ele ainda é um ser humano.
Qual foi a sensação de entrar no set pela primeira vez e ver algo dessa grande magnitude?
Entrar no set pela primeira vez dessa épica superprodução bíblica dirigida por Ridley Scott foi assustador para mim. Aquelas duas primeiras semanas são como ser o novato na escola, vindo em meio-período, e você sente como fosse um lugar perigoso para se estar porque você está tentando provar o seu valor. Você está tentando se sentir como se pertencesse àquele lugar. E lá estava eu, tentando fazer isso enquanto eu estava vestido com várias joias de ouro e algumas saias de boa costura! Mas, com o tempo, eu me senti confortável com o figurino e eu realmente comecei a gostar de usá-lo. Ridley reuniu uma equipe incrível. As cenografias de Arthur Max eram de tirar o fôlego; os figurinos de Janty Yates eram simplesmente lindos e a equipe de maquiagem de Tina Earnshaw era ótima. Era simplesmente um ótimo ambiente cheio de ótimas pessoas e ele cria uma atmosfera de uma família de verdade.
Aparentemente, eles modelaram aquela estátua enorme de Ramsés com o seu rosto. Foi estranho ver você mesmo transformado em uma divindade dessa forma?
Há uma parte do filme que foi cortada, eu acho, na qual eu estou dizendo ao arquiteto que eu não preciso posar para o artista que vai criar uma estátua minha, que eu não preciso que a estátua seja exatamente igual a mim. É a imagem que nós queremos que as pessoas percebam de mim, então, o resultado é que há uma estátua de Ramsés no filme com uma cabeça de 15 metros de altura que tem certa semelhança comigo, sem ser uma imagem perfeita de mim. Graças a Deus! E lá estava a estátua naquele campo da Espanha no set da construção, onde os escravos hebreus estão sendo chicoteados, trabalhando arduamente. Alguém disse para mim: “Joel, há um estátua da sua cabeça no set, virando a esquina.” É claro que eu tive que entrar no carro, ir, conferir e escalar o andaime. Eu fiquei em pé lá em cima e meu corpo inteiro era do tamanho do globo ocular da estátua. Houve várias piadas sobre eu enviá-la para Bondi [na Austrália] e colocá-la no meu quintal. Não haveria espaço para mais nada de tão egomaníaco que eu sou!
E como foi a cena da praga de sapos? Sua colega de cena, Golshifteh Farahani, teve que acordar com sapos por todo seu rosto e cabelo…
Golshifteh é uma maravilhosa atriz iraniana que interpreta minha esposa e ela teve que fingir estar dormindo. Então eles colocaram todos esses sapos na cama. Ela foi uma verdadeira guerreira, na verdade. Eu, pessoalmente, não me importaria. Eu amo sapos. Eu passava muito tempo com eles. Eu sei que isso soa estranho, mas, quando criança, eu cresci numa fazenda. De qualquer forma, tínhamos 400 sapos no set e eles eram os sapos mais trabalhadores de todos do Reino Unido! O engraçado foi que, no dia seguinte em que trabalhamos com os sapos, Ridley estava tipo: “eu acho que preciso filmar mais com os sapos”, e ele ligou para o agente dos sapos que falou: “você não poderá ficar com os sapos amanhã porque eles estarão fazendo um programa de TV em Manchester!” Ele disse: “vou ceder a você 40 deles.” Então eu acho que os sapos trabalham mais pesado do que a maioria dos atores. Eles tinham chitas, águias e elefantes. Todo dia era um animal diferente.
Você consegue lembrar-se de alguma cena que foi cortada da versão final do filme que possa ser aproveitada como uma informação especial no Blu-ray?
Há umas duas. Tem duas cenas que eu gravei com Sigourney Weaver. Lembro de uma na qual eu estava cortando uma romã e tendo uma discussão sobre algo e, no fim da cena, eu jogava um pedaço da romã nela. Eu pensei que seria ótimo para o filme, mas eu me senti horrível por ter jogado uma fruta em uma das minhas atrizes favoritas! Talvez vocês vejam essa cena nos extras do Blu-ray, eu não sei.
Quando você atua com o fundo verde, isso muda o jeito que você encara o papel?
Foi interessante que a primeira etapa da gravação foi no palácio e nós tínhamos boa parte da sala ao nosso redor. Tudo na sala era prático e nós podíamos tocar, ver e mover. E aí dava para ver um pequeno fundo verde além dos murais. Foi interessante porque você podia sempre perguntar a Ridley o que estaria lá, e o que nós estaríamos olhando. Ele mostrava uma pequena imagem para nós e dizia o que nós veríamos e sob qual perspectiva. Então você nunca se sentia perdido de verdade. Como ator, eu odiaria fazer um filme que fosse completamente em fundo verde. Eu prefiro quando a minha imaginação é deixada para trabalhar com os outros atores e com o que está na minha frente, do que quando tenho que tentar imaginar o que eu deveria ver. Então, até que nós não tivemos tanto o fundo verde.
O quão difícil é apresentar um personagem que é tão famoso na vida real?
Eu experimento e bloqueio tudo. Eu tinha visto o filme Os Dez Mandamentos de Charlton Heston quando eu era muito jovem, e, de propósito, tentei não assisti-lo novamente. A minha preocupação é que eu iria assistir Yul Brynner [que interpretou o mesmo personagem] e me sentiria muito inseguro, ou tentaria me apoiar em algo que eu não precisava repetir. No meu caso, eu realmente gosto do processo colaborativo de fazer um filme e era mais importante para mim, do que em qualquer outro filme que eu trabalhei, confiar nas pessoas maravilhosas que estavam comandando os departamentos – figurino, maquiagem, cabelo, ou, no meu caso, a falta de cabelo – e me permitir que isso me ajudasse como ator, pois sem isso eu estaria perdido. Essa é a beleza para mim em trabalhar em filmes, particularmente com alguém como Ridley. Há uma equipe de excelentes profissionais que trabalham com ele porque ele é um grande líder e você se sente muito apoiado. Eu precisava disso.
Tradução da entrevista feita pelo amigo Renato Gouveia!