Para comemorar o lançamento do DVD e Blu-ray de “As Crônicas de Nárnia: A Viagem do Peregrino da Alvorada” (The Chronicles of Narnia: The Voyage of the Dawn Treader), o Planeta Disney em parceria com a 20th Century Fox Film apresentam um Especial com várias novidades exclusivas sobre o terceiro filme da franquia, baseado na obra de C.S. Lewis.
Hoje, vocês conferem uma entrevista exclusiva, que foi enviada pela assessoria da Fox com os atores Skandar Keynes (Edmundo), Georgie Henley (Lucy), Ben Barnes (Príncipe Caspian), Will Poulter (Eustáquio) e Liam Neeson (dublador de Aslan), além do diretor Michael Apted e dos produtores Mark Johnson e Andrew Adamson.
“As Crônicas de Nárnia: A Viagem do Peregrino da Alvorada” chega em DVD e Blu-ray na próxima quarta-feira, dia 30 de março. Abaixo vocês conferem a entrevista exclusiva traduzida por nosso amigo e colaborador Pedro Costa De Biasi.
Boa Diversão!
Qual foi o maior desafio na produção de A Viagem do Peregrino da Alvorada?
Michael Apted: “Um deles foi resolver como fazer um filme na água. Eu pedi conselhos para alguns colegas e eles disseram: ‘Nunca chegue perto da água‘. Então essa foi a coisa que mais me assustou, mas, assim que resolvemos o problema, foi mais fácil lidar com o filme.”
Mark Johnsons: “Eu nunca fiquei com medo. Eu confiei em Michael para tudo.”
Andrew Adamson: “Para mim foi uma questão de continuar o que havíamos começado nos dois primeiros filmes – manter o espírito mágico e deslumbrante da franquia – mas contando uma história totalmente diferente. Então foi uma combinação de se manter fiel e ser, ao mesmo tempo, o mais original possível.”
Georgie, foi difícil fazer a cena da despedida de Aslan?
Georgie Henley: “Com certeza. Foi ótimo trabalhar com Liam mas também sem Liam, se você me entende. Eu tive muita experiência ouvindo a voz dele nos outros filmes, então foi um momento realmente emocionante. Eu estou muito feliz que [o momento] ganha vida no filme. É uma cena de fazer chorar.
Liam Neeson: “É, para mim também. Foi frustrante não estar no set com esses atores maravilhosos e o diretor – bem, Michael e eu temos uma longa história – mas a cena funcionou mesmo assim. Eu derramei uma lágrima quando assisti e me disseram que A Rainha também chorou um pouco.”
Michael Apted: “Eu não consigo colocar em palavras como foi filmar essa cena. Estávamos em uma praia imensa. Estavam os quatro [atores] e alguém no lugar de Aslan, alguém segurando um fantoche de Reepicheep, e nós andávamos para todo lado porque o sol mudava de posição. Foi totalmente surreal e eu não sei como eles conseguiram completar a cena, porque não havia nada além de praia e muito vento. O vento quase nos carregou na primeira manhã. Foi uma das experiências mais estranhas que eu tive, tentar filmar essas seis ou sete páginas de roteiro sem nada além de uma grande praia vazia.”
Para vocês, quais são os temas fundamentais de As Crônicas de Nárnia e qual a importância dos subtextos religiosos do livro nos filmes?
Liam Neeson: “Como nós sabemos, CS Lewis, autor dos livros, era um famoso ateu que então se converteu em um famoso cristão. Aslan simboliza Jesus Cristo, mas para mim ele também simboliza Maomé, Buda e todos os grandes líderes espirituais que tivemos ao longo dos séculos, assim como um mentor para crianças e uma voz da razão.”
Vocês vão adaptar todas as histórias de As Crônicas de Nárnia?
Mark Johnson: “Não é segredo que nós gostaríamos de fazer mais um. Na verdade, gostaríamos de fazer muitos mais. Isso depende do futuro, claro, mas adoraríamos continuar e filmar os sete livros.”
Michael, o que o levou a assumir a direção do terceiro filme?
Michael Apted: “Eu fiquei honrado com a proposta. Andrew ainda estava fazendo Príncipe Cáspian quando eu entrei, e era um livro muito mais sombrio. O que me atraiu foi algo que eu sempre quis fazer – um filme épico com um centro bastante intimista. O estranho é que o filme não tem muita gente. Quase não há cenas de multidão e é muito íntimo. Meu objetivo era usar uma grande paisagem mas manter a emoção e o sentimento. De certa forma, um dos meus desafios foi proteger isso, porque havia muita tecnologia – efeitos visuais fantásticos, 3D e tudo mais – mas eu queria garantir que ela não sufocasse a emoção do filme.”
Will, em quem você baseou sua performance, e existe algo de você no personagem de Eustáquio?
Will Poulter: “Tomara que não tenha muito de mim no personagem, mas tenho que discordar de você – acho que não roubei a cena no filme, eu só estava muito honrado de fazer parte dele. Eu tive muita ajuda desse cara [aponta para Ben Barnes] e trabalhar com alguém tão experiente quanto Michael é uma honra para qualquer um, em qualquer momento da carreira, em qualquer idade. Para mim, Georgie e Skandar é um privilégio trabalhar com Michael na nossa idade. Ele foi uma grande ajuda para mim e o livro é uma fonte maravilhosa. Os personagens estão no livro e no roteiro também. Nós conversamos sobre uma pegada cômica e, de qualquer maneira, Michael me achou um idiota, então foi bem mais fácil.”
Michael Apted: “Typecasting [escalação pelo perfil do ator], eu acho!”
Você conheceu garotos tão medrosos quanto Eustáquio?
Will Poulter: “Não, acho que não. Podemos agradecer CS Lewis por isso.”
Georgie, você foi comparada à Emma Watson em Harry Potter…
Georgie Henley: “Não é uma comparação ruim. Eu agradeço por ser comparada a ela. Quer dizer, eu não vejo assim mas entendo por que as pessoas nos comparam, porque nós entramos bem cedo em franquias fantásticas. Eu acho que ela lida muito bem consigo mesma e é muito talentosa e inteligente. Eu mesma gostaria de cursar uma universidade, mas não consigo me ver como modelo, porque fico tensa só de pensar no meu rosto estampado do lado de uma loja.”
Skandar, como vão os estudos?
Skandar Keynes: “Eu entrei na universidade recentemente e estou gostando. Meu curso dura quatro anos e muita coisa pode mudar em quatro anos, verei como me sinto no final. Estou gostando de não ter um plano definido agora. Vou me focar na formação e não quero comprometê-la [com a carreira de ator], mas vou ver o que acontece daqui a quatro anos.”
Georgie, a jornada de Lucy no filme traz alguma mensagem para crianças e jovens?
Georgie Henley: “Sim. Um dos principais desafios dessa filmagem foi tornar Lucy acessível e envolvente para garotas que passam pelos mesmos problemas – suas inseguranças e uma pontinha a de vaidade. Ela encara momentos difíceis e foi realmente maravilhoso interpretar uma personagem mais tridimensional. Ela não era agradável o tempo todo. Ela tinha um lado um pouco mais sombrio, e foi ótimo deixar essa mensagem para os espectadores.”
Vocês ficaram com algum objeto do filme para recordação?
Liam Neeson: “[Risos] Para mim é a roupa de leão que eu usei. Eu precisava ficar com ela.”
Ben Barnes: “No fim do filme eu pedi para a WETA fazer uma cópia da espada que eu usei no filme com a cabeça de Aslan no cabo. Ela está no meu quarto. Perguntei se poderia levar o Will mas…”
Will Poulter: “Eu perguntei se poderia levar o Ben mas o agente dele disse para eu ir embora!”
Georgie Henley: “Nós fomos muito sortudos. Na manhã da primeira première, ganhamos réplicas de nossas armas. Eu ganhei minha adaga, foi épico. Eu também gostaria de levar para casa a espada que eu usei no filme. Vivi muitas coisas com aquela espada.”
Quais foram as vantagens de ter Douglas Gresham [enteado de CS Lewis] no set com vocês?
Andrew Adamson: “Doug nos ajudou muito por ser o único que conheceu CS Lewis. Ele conseguia ir ao âmago do livro. Cada um interpreta de um jeito diferente, então às vezes era bom virar para ele e perguntar ‘O que Jack [CS] estava pensando com essa passagem?’ Ele sempre nos auxiliou muito para fornecer essa voz.”
Michael, você vou a evolução dos efeitos visuais nos filmes…
Michael Apted: “É uma tecnologia que avança rapidamente, e eu acho que não conseguiríamos fazer a onda na cena final um ano antes. A tecnologia para trabalhar na água mudou muito e sua sofisticação foi um dos motivos pelos quais não precisamos ir para o mar. Filmamos o barco na praia – nós o colocamos em uma faixa de terra na beira do mar então eu tinha um horizonte abrangente e havia um grande mecanismo para o barco ir para cima, para baixo, para os lados, e fazer voltas. Então não estávamos tão longe da água… Mas é uma tecnologia meio complicada porque é difícil entendê-la. Eu não sei como fizeram a cena final mas eu adoro assisti-la, porque é muito detalhada. Eu vi cada cena com os animadores e cada vez que o rato pisca, ele está perfeitamente posicionado. Contratamos um ator para o papel de Reepicheep para o elenco se relacionar com ele ao longo do filme. Você sabe, é um detalhe importante, especialmente para Will. A relação dele com Reepicheep é um dos centros emocionais do filme. Então tínhamos um ator para isso e ele realmente adotou a persona de Reepicheep.”
Como foi a experiência com os efeitos visuais, comparando com 007 – O Mundo Não É o Bastante?
Michael Apted: “A diferença é imensa. Um dos atrativos de Bond é que você tem que acreditar que ele pode fazer tudo aquilo, então a ideia era não cair no surrealismo, pelo menos não no filme que eu fiz. Nárnia foi um desafio inteiramente novo para mim. É de tirar o fôlego.”
Como a mudança de estúdio para a Fox afetou as filmagens?
Andrew Adamson: “Eu não diria que afetou o projeto. Na verdade foi uma transição suave, a Walden continuou co-produzindo, e foi praticamente o estúdio principal nas três produções.”
Johnson: “Obviamente nós estávamos com medo, já que tínhamos uma relação de sucesso com a Disney. Ficamos com um pouco de medo da novidade, mas a Fox entrou e não quis mudar a franquia – quis manter o que já havia sido feito, e foi uma ótima parceria. Tenho que dizer que eles são mais rigorosos e nós lidamos com esse filme, por muitas razões, de um jeito mais preciso. Então não foi um sobressalto. Estávamos preocupados mas a Fox é nossa nova parceira, parece que estivemos juntos desde sempre.”
O 3D é a nova fronteira? Todos os filmes serão feitos com a tecnologia?
Mark Johnson: “Na verdade, eu estava um pouco cético com o formato no começo, mas agora eu o admiro muito. Estou satisfeito com a versão 3D do filme porque não a usamos para aproveitar o efeito, ou ficar chamando a atenção jogando machadinhas na direção da plateia, mas para dar produndidade ao filme. Eu olho e francamente gosto bastante da versão 3D. É um pouco diferente de assistir em 2D, mas fez minha cabeça. Se o formato veio para ficar? Eu acho que sim. Nem todo filme o usa de forma interessante, mas acho que nós conseguimos. Todas as nossas cenas com efeitos – mais ou menos 2000, o que é boa parte do filme – foram feitas em 3D desde o começo.”
Ben, é difícil interpretar um personagem tão positivo?
Ben Barnes: “Positivo porque não existe um lado sombrio nele? Bem, eu li essas histórias aos oito anos e assisti à série da BBC em 1989. Sam West interpretou o Rei Cáspian e eu o achei fantástico, pulando do navio no começo. Esses filmes têm muitas mensagens bonitas sobre amadurecimento. O Príncipe Cáspian passou por isso no filme anterior e agora é um homem, mais à vontade consigo mesmo, então foi um papel fácil em vários sentidos. Eu acho que ele se torna interessante por não ter tido uma figura masculina forte em sua vida. Eu posso interpretar vilões e caras esquisitos em outros filmes. É legal ter um papel virtuoso.”