Quando Bruckheimer descreveu os projeto para a imprensa, ele descreveu os heróis do filme como “fofinhos” e “adoráveis“… que são palavras raramente associadas com, digamos, Nicolas Cage em “A Lenda do Tesouro Perdido” ou Johnny Depp no papel do Capitão Jack Sparrow na trilogia “Piratas do Caribe“. Mas não se engane, porque esses fofinhos e adoráveis personagens – porquinhos-da-índia treinados como agentes de operações especiais – podem desencadear ação da mais alta octanagem, exatamente como os outros heróis dos filmes de Bruckheimer.
O que torna este filme de ação uma experiência tão maravilhosa e incomum é que FORÇA G-3D combina o melhor da comédia familiar Disney com a inigualável marca de Bruckheimer, evidente em filmes como a trilogia Piratas do Caribe até franquias de TV como C.S.I., ou seja: muita ação, efeitos especiais inovadores, heróis e vilões fabulosos, uma produção superlativa e, acima de tudo, uma experiência eletrizante. E, além disso, FORÇA G-3D é o primeiro 3D do cineasta.
O ritmo frenético de Jerry Bruckheimer (necessário para poder estar envolvido em todos os projetos que levam seu nome) tornam a entrevista e a exibição de algumas sequências de FORÇA G-3D ainda mais exclusiva. A imprensa estava acomodada em volta de uma sala de montagem com vários monitores de alta definição instalados, onde cenas em diversos estágios de produção eram mostradas. Depois, os jornalistas foram levados para a sala de exibição, onde viram seis minutos do filme concluídos em Disney Digital 3D – que foram verdadeiramente fantásticos e contribuíram para um final explosivo naquela tarde.
DISNEY: Poderia nos contar como este projeto ganhou vida inicialmente?
JERRY BRUCKHEIMER: Quando Hoyt Yeatman criou esta história, ele usou como base algo que aconteceu com seu filho de seis anos, que um dia chegou em casa depois da escola com um porquinho-da-índia e disse: “Não seria legal se esses carinhas formassem um esquadrão especial?” [RISOS] E Hoyt respondeu: “Seria.” Então ele começou a desenvolver a história – e pediu para um desenhista fazer alguns esboços dos vários personagens. E os que você viu são bem próximos do que ele imaginou. E eu adoro os personagens e o conceito. Eles são muito fofos, são adoráveis. E quando você assistir ao filme terminado… Sabe aquela parte em que Hurley, um dos agentes da FORÇA G está comendo as cerejas? Viu como ele é expressivo? Imagine só tudo como aquilo, a forma como eles se movem e como os pelos se movem e como os olhos têm tanta expressão. É simplesmente fantástico de se ver. Só vimos uns 30 ou 40 por cento aqui porque grande parte da animação não está terminada. Então quando virmos terminado será uma experiência totalmente diferente. E eu vou ficando mais entusiasmado conforme as cenas de animação chegam. Normalmente recebemos umas 50 por dia. Acho que mais da metade das cenas já está aqui. Então todo dia, é divertido ir à sala de montagem para ver o que os animadores inventaram.
DISNEY: Penelope Cruz nunca fez uma voz antes, que eu saiba, por que escolheu um personagem hispânico e por que especificamente ela para fazer a voz?
JERRY BRUCKHEIMER: Bem, ela é uma atriz maravilhosa e fazer uma voz também é interpretar. O personagem da agente Juarez sempre foi um personagem hispânico.
DISNEY: Como escolheu as outras vozes?
JERRY BRUCKHEIMER: Nós fizemos muitos filmes com Nicolas Cage. Eu enviei o roteiro para ele e ele escolheu o personagem que queria interpretar. Ele quis ser Speckles, a toupeira, e adotou uma abordagem muito original, como sempre, para o personagem e a voz dele. Jon Favreau interpreta Hurley, e ele fez uma voz muito calorosa, muito engraçada. É um elenco de vozes completamente diferente. Nós escolhemos ouvindo as vozes gravadas. Não vimos os rostos, só ouvimos as vozes. Escolhemos algumas amostras de vozes de filmes, o que me deu uma seleção de atores para escolher, com base em suas vozes.
DISNEY: Com certeza devo estar esquecendo de alguma coisa, mas não me lembro de vê-lo produzindo algo para um público tão jovem. Você acha que é uma experiência muito diferente, tentar alcançar essa faixa demográfica?
JERRY BRUCKHEIMER: Sim, ainda estou descobrindo isso. [Risos] Ainda estou trabalhando nisso. Sim, é muito diferente. Na verdade, muito da ação que eu gosto e algumas das coisas que filmamos, são um pouco violentas demais para esse público. Não pelas crianças porque elas querem isso. São os pais que dizem: “Eu não quero que meu filho assista a isso”, mas então, duas semanas depois, as crianças estão assistindo ao DVD na casa de um amigo. Mas, são os pais, quando têm filhos de – cinco, seis, sete anos – que escolhem, embora exista o fator insistência – as crianças veem os comercias na TV e insistem com seus pais até que eles finalmente as levem para ver. Então é um jogo completamente diferente para mim.
DISNEY: Por que é importante para você fazer este filme em 3D, e qual é a diferença entre o 3D de hoje e o de anos atrás?
JERRY BRUCKHEIMER: Bem, eu acho que a tecnologia está muito melhor. Com a nova tecnologia você não cansa os olhos como acontecia. Estamos fazendo coisas que nenhum outro filme fez antes, com relação a 3D. É muito eletrizante poder fazer algo com 3D, especialmente por ser um filme para crianças, então é ótimo. As crianças adoram, elas ficam deslumbradas quando veem.
DISNEY: Quem lhe vendeu a ideia?
JERRY BRUCKHEIMER: James Cameron me convidou para ir à casa dele e me mostrou o que estava fazendo com 3D. Ele me mostrou vários testes que tinha feito. Não para um filme, apenas testes de várias cenas que ele havia filmado em 3D, e eu achei fantástico. Era realmente incrível – acrescenta outra experiência para o público. E é isso que tentamos fazer. Nós tentamos atrair o maior número de pessoas possível e procuramos dar a elas novas experiências. Na verdade, nós não filmamos em 3D. Já que todas as nossas sequências de animação são feitas digitalmente, é fácil convertê-las em 3D, mas os atores reais foram filmados com tecnologia convencional.
DISNEY: Estou curioso para saber se esta experiência em 3D influenciou-o a tal ponto de fazer com que todos os seus outros filmes no futuro sejam em 3D?
JERRY BRUCKHEIMER: É, eu adoraria. Mas vai depender do rapidez com que convertam os cinemas atuais em cinemas com tecnologia 3D. Agora desacelerou um pouco por causa da crise econômica. Não está tão rápido quanto esperávamos que estivesse agora.
DISNEY: Bem, você conseguiria imaginar algo como Piratas 4 ou qualquer outro de seus filmes futuros em 3D?
JERRY BRUCKHEIMER: É possível. Tudo é possível.
DISNEY: Você acha que a tecnologia 3D será usada na televisão no futuro próximo ou isso será muito difícil?
JERRY BRUCKHEIMER: Eu acho que é meio difícil, mas tudo é possível. Eu fui a uma feira de produtos eletrônicos há 3 anos e eles estavam mostrando videogames em 3D. É fantástico, jogar videogames de corridas de carros em 3D. Mas eu não acho que chegou ao mercado de consumo ainda, porque eu não vi. Talvez no Japão, mas com certeza aqui ainda não.
DISNEY: Qual é a importância desse lado do negócio – quando você compara a história, o diretor, os cineastas com quem está trabalhando – com o lado tecnológico do negócio?
JERRY BRUCKHEIMER: Bem, o mais importante é a história, junto com os personagens e os temas. Sabe, não importa o quanto você os caracterize, se essas coisas não funcionarem, não importa… o artifício que você use, 3D ou qualquer outra coisa. O importante é a história e os personagens.
DISNEY: Como produtor, quando aparece uma nova mídia como o 3D, deve ser muito empolgante, mas ao mesmo tempo, é caro e complicado de se fazer. O que é mais importante em sua opinião?
JERRY BRUCKHEIMER: Sempre que posso levar algo novo e criativo para o público, fico empolgado. Sempre que podemos dar uma experiência melhor – se fizer a coisa certa com a história e os personagens, e então acrescentar algo novo – é isso que buscamos.
DISNEY: Que gênero você prefere?
JERRY BRUCKHEIMER: Eu? Eu ainda gosto dos grandes filmes de ação.
DISNEY: Quanto tempo acha que vai levar para a tecnologia 3D se tornar uma grande tendência com filmes em geral e quando acha que isso pode acontecer?
JERRY BRUCKHEIMER: Eu acho que a economia tem muito a ver com isso – se a economia melhorar no próximo ano, e vamos torcer que melhore antes disso, poderia acontecer bem rápido. Mas depende da economia. Felizmente para nós, a frequência do cinema vem crescendo nos últimos três ou quatro meses, então isso é bom. Talvez motive a conversão dos projetores em 3D mais rapidamente.
DISNEY: Você acha que os atores estão muito interessados em fazer filmes de animação?
JERRY BRUCKHEIMER: Bem, eu acho que com o sucesso de alguns desses filmes de animação, eles se tornaram relativamente mais fáceis para os atores fazerem. Eles trabalham quatro ou cinco dias e acabou — talvez depois precisem fazer a promoção do filme. É um bom trabalho para eles e é criativo, então eles se divertem. E a verdade é que, muitos têm filhos. E os filhos não podem assistir a muitos filmes que eles fazem. Então é ótimo quando o ator tem um filho de quatro, cinco ou seis anos e ele faz um filme infantil… e se torna um herói em casa.
DISNEY: Falando em filho de quatro, cinco ou seis anos, outro projeto no qual você está trabalhando, The Lone Ranger, tradicionalmente sempre foi direcionado a crianças de 15 anos. O seu filme também será assim ou será mais direcionado a um público como o de Piratas?
JERRY BRUCKHEIMER: Não, é mais para o público de Piratas. É para todo mundo de oito a oitenta, e mais.