Curvas da Vida é um filme que pode contar a minha história, ou a sua história. É a história universal que todos passaremos um dia. O momento quando percebemos que os anos se passaram, o mundo mudou e nós continuamos a acreditar que “na nossa época as coisas eram melhores”.
O filme já chama atenção pelo nome que se destaca em cima da logo que quase sobressai o próprio título do filme: Clint Eastwood. Além dele temos a excelente Amy Adams (“O Vencedor“) e Justin Timberlake (“A Rede Social“). Na direção temos o estreante como diretor Robert Lorenz, parceiro de produção de longa data de Eastwood, que trabalhou em cima do roteiro escrito por Randy Brown.
Eastwood vive Gus Lobel, um dos melhores olheiros de baseball há décadas, mas que apesar de tentar esconder, a idade já começa dar sinais que é hora de parar. Com a visão não sendo mais a mesma ele insiste não querer parar de trabalhar, pois esse é hoje sua principal tarefa, e no qual ele guarda um grande amor. Amy é sua filha Mickey, uma promissora advogada que traduz muito bem o termo “workaholic”. Às vésperas de conseguir se tornar sócia da respeitada empresa de advocacia na qual trabalha, ela é alertada por Pete Klein (John Goodman), amigo e colega de trabalho de Gus, que seu pai precisa de auxílio. Com essa apresentação dos personagens, o filme nos mostra pequenos fragmentos de uma história na qual não nos revela de imediato, mas que para sua conclusão irá dar respostas. Gus está com sua carreira ameaçada. Além da saúde que não o ajuda mais, ainda seus superiores dentro do time Atlanta Braves está começando a questionar seus critérios, especialmente com a mais disputada seleção de promissores rebatedores se aproximando. Nesse momento, a única pessoa capaz de ajudar é também a única pessoa a quem Gus nunca pediria ajuda: sua filha, Mickey. Nisso a dupla parte em direção à Carolina do Norte para observarem novos talentos. Uma viagem que irá mudar o destino dos dois e esclarecer alguns pontos no passado não revelados até o momento.
Como disse de inicio, o filme é a história de qualquer um de nós. A relação entre pai e filho que Eastwood e Amy tem na tela é a pura projeção da de muitas famílias por aí. Ele por mais que ame e busque o melhor para sua filha, tem em seu passado algumas decisões que a fez questionar sobre o amor que sentia por ela.
O filme é incrivelmente redondo. Dá para perceber perfeitamente quando se encerra o primeiro ato, o segundo e como ele direcionará o terceiro para obter as respostas. Apesar de uma história óbvia e facilmente previsível, ele trás um conforto muito grande no espectador principalmente com a naturalidade que os atores dirigem suas atuações. Enfim, não precisa de muitos comentários quanto as atuações de Eastwood e Amy.
Quanto ao Justin Timberlake, creio que essa seja a coroação dentro de sua carreira como ator. O ex-boyband a cada trabalho se destaca e completar esse trio de protagonistas certamente é se impor na carreira, que realmente deve ser olhada com seriedade.
Assistir Curvas da Vida é como se olhássemos para pessoas que conhecemos há muito tempo, e que naquele momento estamos sabendo um pouco mais de suas histórias. A curva que cada um toma mostra como nem sempre o que planejamos é o que realmente queremos, e, que muitas vezes, aceitamos por comodismo e medo do futuro. Uma advogada que se vê pressionada a assumir um cargo de sócia como reconhecimento de seu trabalho, um ex-jogador que para se manter próximo de sua paixão após problemas de lesões tenta em virar locutor esportivo e um senhor que muito trabalhou agora se vê obrigado a jogar a toalha e aceitar sua aposentadoria. Essas podem até não ser sua história, mas um dia todos teremos que virar a página e seguir em frente por um novo caminho. O filme é uma grata surpresa e é a melhor pedida nos cinemas para o próximo final de semana.