Um país totalmente dividido racialmente, vivendo uma grande crise, que, ao mesmo tempo, se une para torcer pela seleção nacional de rúgbi na Copa do Mundo. É este o cenário de Invictus, de Clint Eastwood, lançado em 2009, com Morgan Freeman (Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge) e Matt Damon (Compramos um zoológico), nos papéis principais.

O longa é baseado no livro homônimo, de John Carlin, e relata o momento em que Nelson Mandela (Freeman) assume a presidência da África do Sul e se mobiliza com a realização do Campeonato Mundial de Rúgbi, no próprio país, em 1995.

Vale lembrar que, antes de Mandela chega ao poder, a África do Sul estava vivendo o Apertheid, um regime de segregação racial, adotado em 1948 e onde os direitos da grande maioria dos habitantes foram cerceados pelo governo formado pela chamada “Minoria Branca”.

O fato é que este foi um período com grande violência e inúmeras revoltas internas. Na década de 1980, reformas no regime não conteve a oposição do país e fez com que o então presidente, Frederik Willem de Klerk, negociasse o fim do Apertheid, abrindo a possibilidade, em 1994, da realização de eleições multirraciais e democráticas, vencidas justamente por Mandela.

Invictus começa com o primeiro dia do vencedor do Prêmio Nobel da Paz como presidente.

Vendo a chegada do torneio de rúgbi, um esporte bem popular entre os brancos, Mandela vê que a eventual conquista do Mundial pode unir de vez todo o povo de sua terra. Para isso acontecer, ele se aproxima do craque e capitão dos Springbocks (nome da Seleção sul-africana), François Pienaar, interpretado por Damon.

Para alcançar o sonhado título em sua própria casa, os sul-africanos, além de derrotar fortes adversários, terão que conquistar a paixão de uma nação inteira, esquecendo cor racial ou classe econômica.

Quem assistir, vai reconhecer alguns cenários da tarma, como o estádio Ellispark, em Johannesburgo, palco da final entre os Springbocks e os Allblacks (Nova Zelândia). Para quem não se recorda, foi neste estádio que o Brasil conquistou a Copa das Confederações, em 2009, contra os Estados Unidos, e estreou na Copa de 2010, contra a Coreia do Norte.

O filme recebeu indicações ao Oscar de 2010 nas categorias de melhor ator (Morgan Freeman) e melhor ator coadjuvante (Matt Damon), mas não levou as estatuetas.

 

Mesmo sem os prêmios da academia, Invictus é uma lição de liderança e não deixa de emocionar, principalmente pelos relatos de inspiração de Mandela (o poema de William E. Henley que ele entrega a Pienaar é belíssimo) e pela demonstração do poder que o esporte tem de acabar, nem que seja por apenas algumas horas, com o preconceito ou conflito político.

Matéria de Pedro Tritto