TIANA (dublada na versão original por Anika Noni Rose e por Kacau Gomes na versão brasileira) certamente não é a princesa típica da maioria dos contos de fadas. Ela não sonha com reinos distantes nem castelos nas nuvens, mas com o sucesso pessoal e a prosperidade nos negócios. “Ela sonha em abrir o melhor restaurante de toda Nova Orleans”, explica o roteirista Rob Edwards. “É um sonho que lhe foi incutido pelo pai.” Tiana é uma jovem afro-americana atraente, independente, esforçada e obstinada, mas também uma amiga leal e afetuosa. Ela adora a mãe, é extremamente apegada ao pai e, embora saiba que a sua jornada não será fácil, ela acredita que será capaz de realizar os seus sonhos com o devido empenho. Com seu jeito racional de batalhar pela concretização dos seus objetivos, contudo, Tiana não aprecia, de fato, o que lhe acontece ao longo do percurso até lá. Ela nunca consegue simplesmente relaxar e se divertir. Ela não tem tempo para romances e certamente não vai perder o seu tempo sonhando com rapazes — e muito menos, sairia por aí beijando sapos.
O supervisor de animação, Mark Henn, encarregado de heroínas Disney como Ariel (A Pequena Sereia), Bela (A Bela e a Fera) e Jasmim (Aladdin), achou Tiana particularmente intrigante. “Eu acho que a gente pode se identificar mais facilmente com ela ou torcer por ela. As nossas heroínas de animação evoluíram muito nas últimas décadas, deixando de ser ‘princesas em perigo’, como Branca de Neve — personagens vítimas dos eventos, para se tornarem jovens de atitude que movem suas próprias histórias. É fácil se apaixonar e torcer pela personagem Tiana. Ela tem uma motivação pessoal e toma decisões que a impulsionam e fazem dela uma jovem bem interessante.”
Segundo Edwards, a sua sobrinha mal pode esperar para conhecer Tiana. “Sempre que conversamos, ela diz: ‘Conta da princesa!’ Eu também mal posso esperar até que ela assista ao filme.” As inúmeras qualidades de Nova Orleans atraíram o PRÍNCIPE NAVEEN (dublado na versão original por Bruno Campos e por Rodrigo Lombardi na versão brasileira) do seu reino distante de Maldonia. Apesar de ser mimado e irresponsável, Naveen tem um charme irresistível, uma alegria de viver que cativa todos ao seu redor, e uma paixão pelo Dixieland jazz popularizado por Paul Whiteman, Jimmie Noone, Earl Hines, King Oliver, Jelly Roll Morton e Louis Armstrong.O supervisor de animação de Naveen, Randy Haycock, já animou personagens clássicos Disney como Simba (O Rei Leão) e Powhatan (Pocahontas). “Disney tem uma longa tradição de princesas, mas nunca tivemos nenhum príncipe que influenciasse, de fato, uma heroína”, explica Haycock. “Era sempre amor à primeira vista. Pela primeira vez, nós temos uma garota que conhece o cara num enredo ao estilo das comédias românticas, em que um casal se conhece e, a princípio, não se bica.” Como com qualquer um, os defeitos de Naveen são, na verdade, parte das suas virtudes. A heroína também tem seus defeitos — ela não sabe aproveitar a vida. Ela não sabe se divertir. “E é isso o que Naveen lhe ensina”, explica Haycock. “Ele lhe ensina a parar de vez em quando e simplesmente apreciar o que está acontecendo, a se divertir, curtir, ser feliz com a vida que se leva.”
DR. FACILIER (dublado na versão original por Keith David e por Sergio Fontoura na versão brasileira) é um sujeito ardiloso, misterioso e ameaçador que cria inúmeras situações desagradáveis e arriscadas para o príncipe Naveen e Tiana. Ele é um canalha que usa magia, feitiços e suas ligações com “amigos do outro lado” para conseguir o que quer através de encantamentos misteriosos, arriscados e perigosos. “Ele é musical, é ameaçador, é bonito, elegante, alto, magro e esbelto, e sabe ser um doce de pessoa. E eu acho que tudo isso, pelo menos na animação contemporânea, é raro de se ver num vilão”, comenta Bruce Smith, o supervisor de animação do dr. Facilier, “Todo animador adora ficar encarregado do vilão, que é sempre o personagem que carrega o filme e que o torna interessante e intrigante. Felizmente, neste caso, eu trabalhei com um vilão único — um vilão magnífico.”
MAMA ODIE (dublada na versão original por Jenifer Lewis e por Selma Lopes na versão brasileira) é a contrapartida luminosa de Facilier; uma feiticeira excêntrica, escrachada e esperta de 197 anos, a rainha dos pântanos, que guia Tiana e Naveen em seu périplo para desfazer o feitiço do dr. Facilier. De acordo com a história, Mama Odie reside “nos recônditos mais sombrios dos bayous”. Abrigada num velho barco camaroneiro adernado e surpreendentemente empoleirado no alto de uma árvore gigantesca, Mama Odie e a sua cobra, Juju, ministram feitiços e amuletos aos necessitados. O supervisor de animação, Andreas Deja, foi o responsável por personagens populares Disney como Gastão (A Bela e a Fera), Jafar (Aladdin), Hércules (Hércules), Scar (O Rei Leão) e Lilo (Lilo & Stitch). “Eu me lembro do interesse que Mama Odie me despertou”, relembra Deja. “Essa velhinha cega, enrugada e excêntrica possui uma “cobra-guia” e tudo relativo a ela era absolutamente inusitado.” Em parte, o espírito de Mama Odie foi inspirado pelo interesse dos cineastas pela falecida escritora de Nova Orleans, Coleen Salley, autora de vários livros ilustrados, professora da Universidade de Nova Orleans e embaixadora da literatura infantil.
RAY (dublado na versão original por Jim Cummings e por Márcio Simões na versão brasileira) é o vaga-lume cajun descontraído e apaixonado. Iluminado por seu charme sulista, senso de humor e paixão romântica — o objeto do afeto de Ray é uma vaga-lume fêmea chamada Evangeline, a mais bela criatura de todo o reino animal. Sua admirável devoção a esse amor inatingível, mas não menos verdadeiro, é um dos pilares de sustentação do filme. O supervisor de animação, Mike Surrey, responsável por personagens Disney memoráveis como Timão de O Rei Leão (The Lion King) e Clopin de O Corcunda de Notre Dame (The Hunchback of Notre Dame), afirma que Ray sabe exatamente quem ele é. “Ele é um tipo romântico”, diz Surrey. “Ele é como Naveen e Tiana, mas não tem problema em expressar seu amor abertamente, sem pudores. Ele sabe que o casal tem os mesmos sentimentos que ele, embora não consigam expressar seu amor. É difícil não gostar de um personagem assim. Ele é a verdadeira personificação da força transcendente do amor. E tudo isso num carinha desajeitado, desdentado e com um jeito divertido.”
LOUIS (dublado na versão original por Michael-Leon Wooley e por Mauro Ramos na versão brasileira) é um jacaré do pântano encantador, carismático e cheio de suingue, um trompetista apaixonado pelo jazz, que ajuda Tiana e Naveen e acrescenta diversão e humor às suas aventuras nos pântanos. “Ele é carente”, afirma o supervisor de animação, Eric Goldberg, o responsável pela animação do Gênio de Aladdin. “Ele é cheio de neuroses, mas tem um grande talento — tocar jazz. E é quando está tocando seu trompete que ele é realmente ele mesmo.” “É um jacaré que toca trompete — como não adorá-lo?”, diz o roteirista Rob Edwards.
“PAIZÃO” LA BOUFF (dublado na versão original por John Goodman e por Reinaldo Pimenta na versão brasileira) Eli La Bouff, mais conhecido como “Big Daddy”, o “Paizão”, é um cavaleiro sulista corpulento, rico e respeitado na sociedade local, que procura satisfazer todos os desejos de sua princesinha Charlotte — ele até organiza um Baile de Mardi Gras onde Charlotte debutará como uma princesa. O “Paizão” personifica um personagem que se popularizou através da literatura norte-americana em Gata em Teto de Zinco Quente (Cat on a Hot Tin Roof) e Hush, Hush Sweet Charlotte: o patriarca rico e poderoso. Mas enquanto aqueles personagens da dramaturgia eram motivados pelo poder a destruírem seus filhos, a motivação deste “Paizão” não é controle nem autoridade, e sim um amor sem limites pela sua única filha.
CHARLOTTE (dublada na versão original por Jennifer Cody e por Iara Riça na versão brasileira), a filha mimada, exigente e extravagante de Big Daddy, é uma típica menina da classe privilegiada do início do século 20, mas Charlotte nem de longa lembra o estereótipo da menina rica e malcriada. O “Paizão” esbanja com sua filha loura de olhos azuis e não perde a chance de presenteá-la com vestidos feitos sob medida para ela nem de satisfazer suas fantasias, que incluem se casar com um príncipe (e assim se tornar uma princesa), mesmo que ela tenha que beijar alguns sapos. Charlotte mantém os pés no chão, em parte, por conta da sua amizade de infância com a Tiana, a filha da melhor modista de Nova Orleans — uma garota sensata que, ao crescer, se torna a melhor amiga de Charlotte.
JAMES (dublado na versão original por Terrence Howard e por Duda Ribeiro na versão brasileira) é a inspiração de Tiana e ela é o legado do seu amor. Um pai forte e carinhoso que incutiu em sua filha o seu senso ético e um elo compartilhado pelos demais residentes de Nova Orleans: o amor pela boa gastronomia. “A comida”, como James explica à pequena Tiana, “aproxima pessoas de todas as classes sociais. Ela as aquece e põe um sorriso no seu rosto — e quando eu abrir o meu próprio restaurante, vão se formar filas quilométricas de pessoas interessadas em experimentar a minha comida”. “A nossa comida”, corrige Tiana, delicadamente. Segundo o supervisor de animação, Ruben Aquino, “esse é o seu maior desejo e é a razão de ela ser como é. Era preciso passar para o público todo o amor que existe nessa família e o quanto James ama Tiana. Ele está sempre presente no coração de Tiana.”
EUDORA (dublada na versão original por Oprah Winfrey e por Isabel Lira na versão brasileira) é um porto-seguro e uma inspiração para Tiana, que enxerga a mãe como a mulher de negócios bem sucedida e respeitada que ela sonha em ser um dia. Quando era pequena, os momentos mais felizes de Tiana eram passados na companhia da mãe, brincando na casa de uma de suas clientes ricas na companhia de uma menininha chamada Charlotte. Porém, enquanto o pai de Tiana, James, é um romântico, Eudora é pragmática. Ela sabe que Tiana enfrentará muitas dificuldades para ser uma mulher independente. “Eudora tem uma personalidade muito particular”, conta o supervisor de animação, Ruben Aquino. “Além de ser uma mãe atenciosa, ela tem sua própria carreira; como costureira, ela leva uma vida modesta, mas é muito boa no que faz. E ela ama a filha e só quer o melhor para ela.”