Abaixo segue uma matéria muito boa do amigo Celbi Pegoraro, do site Animation-Animagic, que fala um pouco do envolvimento do maestro Leonard Bernstein e sua primeira tentativa em produzir um novo “Fantasia” no início da década de noventa, especialmente o seu interesse em apresentar as canções da banda ‘Os Beatles’ no longa-metragem.
Leonard Bernstein e “Fantasia”
por Celbi Pegoraro
A animação clássica da Disney, “Fantasia” (1940), sempre é lembrada por dois grandes destaques. O segmento “O Aprendiz de Feiticeiro”, estrelado por Mickey Mouse; e a regência de Leopold Stokowki com a Orquestra da Filadélfia. Por muitos anos, cultivou-se a ideia de produzir uma continuação. Walt Disney queria que o filme permanecesse em “eterna” exibição com a troca de segmentos animados musicais.
Por conta do fracasso da crítica e público, Walt foi obrigado a cancelar o projeto e transferiu os segmentos em animação já em produção para outros projetos. “Fantasia” só teria sucesso no relançamento de 1969, quando os hippies embarcaram no que chamavam de fantasia psicodélica disneyana.
Já na década de 1980, houve a tentativa de produzir um filme chamado “Musicana” usando músicas populares ou folclóricas de várias partes do mundo. John Lasseter (que depois seria o chefão da Pixar e agora da animação Disney) trabalhou num segmento onde Mickey Mouse estrelaria o “O Rouxinol do Imperador”.
O que poucas pessoas sabem é que a Disney quase fechou com o maestro e compositor Leonard Bernstein para a produção de um novo “Fantasia” em 1990. Em sua autobiografia, o ex-presidente da Disney Michael Eisner conta como foi a ideia. Na época, o Sr. Eisner estava convencido que era possível produzir um novo “Fantasia”, mas não apenas com música clássica (ou sinfônica). Ele queria incluir os Beatles, e arranjou um encontrou com Bernstein para discutir o assunto.
Eisner então foi com a esposa, Jane, a um ensaio da Filarmônica de Nova York no Lincoln Center. Naquela tarde, Bernstein regeu brilhantemente por duas horas até que a orquestra surpreendentemente parou dois minutos antes do fim da peça. Bernstein ficou furioso e saiu do palco como um atleta ferido.
O casal Eisner se dirigiu ao camarim do maestro, onde uma massa de fãs (a maioria de senhoras) o aguardava. Vestindo uma capa e fumando, Bernstein adorou a ideia de trabalhar com a Disney em um novo “Fantasia” e usando música dos Beatles. Michael então começou a falar empolgado sobre como poderiam usar a orquestra filarmônica e quão impressionante seria.
Bernstein, ironicamente, colocou seus óculos e disparou, “Sr. Eisner, só precisamos de quatro músicos”. O maestro morreu seis meses depois de um câncer no pulmão, e Eisner nunca mais encontrou um maestro que abraçasse a ideia de juntar os Beatles com Tchaikovski, Stravinsky e Beethoven.
Não muito tempo depois, ainda em 1990, Eisner conseguiu convencer a Disney a lançar o clássico de 1940 em home video, e com isso usar os lucros para produzir uma continuação. E como todos sabem, na década de 1990 a Disney iniciou a produção de “Fantasia 2000” tendo o maestro James Levine e a Orquestra de Chicago. Mas o resto é história.